Amor & Sexo
Tenho recebido e-mail, ligações e manifestações de apoio,
bem como de posições contrárias e de absoluta veemência quanto minha segunda
participação no programa Amor & Sexo da Rede Globo de televisão.
Minhas aparições televisivas começaram recentemente, em
setembro de 2008, quando participei da 1ª marcha contra a intolerância
religiosa. Movimento civil, que busca conquistar um ambiente social de respeito
e tolerância entre os variados seguimentos religiosos de nosso país. É
importante frisar que esse movimento não tem relacionamento com ecumenismo,
diálogo inter-religiosos. Mas, e tão somente, é algo que nós protestantes
presbiterianos sabemos bem o quanto é caro, uma vez que em momentos da história
foi nosso principal clamor frente às muitas perseguições que sofremos, e ainda
as ocorre, dentro do próprio país.
Fomos recebidos pelo presidente Lula, à época o líder maior da
nação, bem como tive a responsabilidade de dar entrevistas televisivas, em
revistas e jornais, me dando uma visibilidade incalculável e associado a um
público que culturalmente nós evangélicos temos absoluto antagonismo, o que me
custou processualmente muito desgaste e acusações. Entretanto, volto a frisar
que esse movimento é civil, cidadão e diz respeito a algo absolutamente afeito
ao cristianismo, ou seja, respeito e direito à liberdade de expressão, opinião
e credo.
A partir de 2011 passei a gravar participações no programa
Sagrado, veiculado pelo canal Futura e Rede Globo de Televisão, quando também
aí recebi inúmeras manifestações de apreço, mas também afirmações contrárias à
minha exposição e defesas teológicas.
Ano passado em 08/12 foi ao ar minha participação no
programa Amor & Sexo, e ao contrário do que esperava, ainda que tenha
recebido agudos confrontos por e-mail, recebi um incontável número de
expressões de dentro e fora do país, manifestando sua alegria em ver um pastor
presbiteriano em tal posição e comunicando o evangelho frente a temas tão
desafiadores.
Dia 04/10, portanto, semana passada foi ao ar minha segunda
participação no programa Amor & Sexo.
Nunca me furtei à consciência do risco que isso representa,
ou seja, estar em lugar incomum a um religioso, sofrer análise fria de meus
irmãos presbiterianos espalhados por todos os cantos do Brasil, que
naturalmente poderiam, como ocorre, fazer avaliações, havendo a possibilidade
de minha vida ser resumida à
análise de alguns minutinhos de televisão.
Desde 2008 tenho sofrido agressões, variadas injúrias, calúnias e difamações, e
ainda que absolutamente contundentes, não expressam a verdade, sem nunca ter
recebido uma única ligação para me perguntarem de forma sincera e transparente
sobre o que achavam.
Listo abaixo algumas das muitas acusações públicas em sites,
blogs, jornais virtuais, e-mail replicados para centenas de pessoas.
1. Defensor
do candomblé e umbanda
2. Pastor
ocultista
3. O
braço do PT dentro da religião em defesa dos macumbeiros.
4. Queridinho
da Globo
5. Pastor
liberal e defensor dos Gays
6. Pastor
Liberal
Por favor, me permitam me apresentar, sou Marcos Antonio
Gomes Amaral, 51 anos, dos quais 43 anos na igreja presbiteriana. Amo minha
igreja!
Sou casado, tenho dois filhos, 27 e 24 anos, ambos membros
de minha igreja, jovens atuantes, músicos e dedicados ao Senhor.
Sou formado no Seminário Presbiteriano do Rio de Janeiro em
1989, ordenado ao sagrado ministério no ano seguinte pelo presbitério de
Madureira.
Sou graduado em Psicologia, mestre em teologia, Pós-graduado
em Filosofia Contemporânea.
Sou presidente do Presbitério de Jacarepaguá e também
presidente do Sínodo Guanabara que abrange mais de 50 igrejas incluindo
congregações.
Sou pastor há 22 anos, tendo pastoreado apenas duas igrejas:
IP de Bento Ribeiro, 1990 a 1995; IP de Jacarepaguá de 1996 a atualmente.
Profissionalmente sou professor universitário, psicólogo
clínico, professor e tenho três livros publicados.
Nunca sofri nenhum processo eclesial, nunca sofri qualquer
suspeição dos concílios por onde passei, nunca estive envolvido com a mais leve
névoa de problemas de fundo teológico, confessional ou administrativo.
Faço aqui uma pergunta sincera, e direta:
Parece ser esse o caminho, o currículo de um pastor liberal,
harmonizado confessionalmente com a umbanda e candomblé; defensor da causa gay?
Minha participação no programa Amor & Sexo, quando
perguntado sobre a criação do filho por uma dupla de homens homossexuais, disse claramente que a
igreja só aceita família estabelecida por um homem e uma mulher, mas em contra
ponto também provoquei a reflexão sobre o que fazer quando esses parceiros não
aceitam a palavra da igreja, e essa foi minha linha de pensamento, o que fazer?
Demonizá-los, dar às costas, buscar aniquilá-los?
Quando disse: Deus os abençoe, não expressei
concordância com o vínculo da homossexualidade, o que naturalmente seria anti-bíblico,
mas manifestei o desejo da graça, misericórdia, visitação do Senhor, pois o
nosso papel é convencer os que nos contradizem, mas nunca demonizá-los, amaldiçoá-los,
aniquilá-los.
Expressei o exercício do amor cristão, que não
deseja a maldição sobre as pessoas, sejam elas quem for, venham de onde vierem.
Lc 9.54-56
Diante disso tenho
sido lido como alguém que defendeu o casamento homossexual, o que não traduz a verdade
e nem tem haver com minha prática de vida e ministério.
Devo esse
texto, especialmente para não parecer indiferença com os que têm se levantado a
me criticarem, bem como para reafirmar minhas convicções reformadas e cristãs,
fundamentadas na tradição bíblico-cristã.
Não
pretendo mais me defender por esse instrumento, é inócuo diante de quem não tem
ou não quer ter ouvidos, e reduz a vida em um cenário, verso ou em alguns
gestos.
Rev Marcos Amaral